Em nosso último Webinar, tive o prazer de conduzir um webinar que, acredito, tocou nos pontos mais críticos que nós, publishers, enfrentamos hoje. A conversa com Ítalo Ridney, CTO do Metrópoles, foi uma aula de estratégia, pragmatismo e visão de futuro. Para aqueles que não puderam participar ou desejam revisitar os principais insights, preparei este resumo analítico com os destaques da nossa discussão.
O ecossistema digital é volátil e complexo, e o nosso lema na PremiumAds, “We Know More“, não é sobre ter todas as respostas prontas, mas sim sobre construir o conhecimento em conjunto. A troca com o Ítalo foi a prova viva disso.
1. O Paradoxo do Google Discover: Navegando na Volatilidade com Dados Internos
A primeira pergunta, e talvez a mais sentida por todos, foi sobre a confiabilidade do Google Discover como fonte de tráfego a longo prazo. A resposta do Ítalo foi direta e reveladora.
Principais Pontos:
Confiança vs. Controle: Ítalo desconstruiu o conceito de “confiança” em fontes de tráfego, definindo-o por três pilares: consistência, controle e transparência. O Discover, por sua natureza, carece desses três elementos, tornando-o inerentemente volátil.
A “Documentação Interna”: A grande virada de chave estratégica que ele apresentou foi: em vez de seguir apenas a documentação externa do Google (boas práticas de SEO, Core Web Vitals, etc.), é crucial focar na sua “documentação interna”. Isso significa analisar profundamente seus próprios dados para entender o que, mesmo em meio a uma queda, continua funcionando. Nem tudo cai. Muitas vezes, um nicho ou formato específico sobe, mas sua representatividade no todo é pequena e passa despercebida.
Ação Estratégica: A orientação é clara: identifique esses pequenos focos de sucesso dentro do seu próprio ecossistema e intensifique o trabalho neles. Se um determinado tipo de conteúdo ou editoria mostrou resiliência, aquilo é um norte estratégico valioso.
Análise de Mercado: A visão do Ítalo reforça uma macrotendência: a era de dependência de uma única fonte de tráfego acabou. A volatilidade do Discover é um sintoma de um mercado onde os algoritmos são caixas-pretas. A solução não é tentar “hackear” o algoritmo, mas sim construir resiliência através da diversificação (Newsletters, Push Notifications, Redes Sociais) e, principalmente, do aprofundamento no conhecimento do seu próprio público através dos seus próprios dados.
2. A Tríade do Sucesso Técnico: Autoridade, UX e Monetização Estratégica
Avançamos para os fatores que, de fato, influenciam o desempenho de um publisher. A discussão foi além das métricas e entrou no campo da experiência e estratégia.
Principais Pontos:
Autoridade é o Fator Nº 1: O conceito de E-E-A-T (Experiência, Expertise, Autoridade e Confiança) do Google não é apenas uma sigla. É o principal fator de ranqueamento. Um portal com autoridade reconhecida em um assunto sempre terá vantagem.
Core Web Vitals não é Mágica, é Experiência: Ítalo usou uma analogia perfeita: o Core Web Vitals é como o estacionamento de um shopping. Ninguém vai ao shopping pelo estacionamento, mas uma experiência ruim nele pode fazer você nunca mais voltar. Da mesma forma, um site tecnicamente impecável não garante audiência, mas um site lento e com usabilidade ruim certamente irá afastá-la.
Monetização Inteligente: A reação inicial de muitos publishers durante quedas de tráfego é culpar e remover anúncios. O Metrópoles foi na contramão: eles analisaram, fizeram testes A/B e reorganizaram a distribuição de anúncios, movendo formatos mais pesados para posições menos impactantes na experiência inicial. O resultado? Melhor performance e, como no caso da saída do AMP, até o dobro da monetização.
Análise de Mercado: Estamos saindo da fase em que a performance era vista apenas como “velocidade do site”. Hoje, ela é parte integral da experiência do usuário (UX). Isso inclui a forma como a monetização é integrada. Publishers de sucesso entendem que a publicidade não é um mal necessário, mas parte do produto. O equilíbrio sustentável, encontrado através de testes e parcerias estratégicas (como a que temos com nossos clientes), é o que garante a receita sem sacrificar a lealdade do leitor.
3. O Futuro é Inevitável: IA, Branding e o Tráfego Direto
A parte final da nossa conversa abordou as disrupções que estão batendo à nossa porta, como o AI Overview do Google (SGE).
Principais Pontos:
O Impacto do AI Overview: A visão é que, sim, o impacto pode ser devastador para o tráfego de alguns publishers, pois a IA entrega um resumo da informação diretamente na busca, matando a necessidade do clique (CTR).
A Defesa é o Branding: Se a porta de entrada (Google) está mudando, qual a solução? Fortalecer a sua marca a ponto de ela se tornar o destino. O objetivo é fazer com que o usuário, em vez de buscar um tema no Google, vá direto ao seu domínio. Isso significa investir na qualidade e profundidade do conteúdo para se tornar a referência principal.
IA como Ferramenta, não como Autor: Sobre o uso de IA para escrever artigos, a posição do Ítalo foi muito clara: a IA é uma ferramenta excepcional para auxiliar e potencializar o trabalho humano (revisão, otimização), mas não para substituí-lo. A autoridade e a apuração ainda são humanas. Um especialista em política não se torna especialista em saúde apenas usando IA para escrever um artigo.
Análise de Mercado: O avanço da IA nas buscas é o maior catalisador da mudança mais importante da última década para os publishers: a necessidade de construir e possuir um relacionamento direto com a audiência. A dependência do tráfego orgânico de busca será cada vez mais arriscada. O futuro pertence aos publishers com marcas fortes, que são reconhecidos como destinos confiáveis e que investem em canais próprios para fidelizar seu público.
Agradeço imensamente ao Ítalo por compartilhar seu conhecimento de forma tão transparente. A conversa reforçou nossa crença de que, em um cenário de incertezas, a colaboração, a análise de dados e a coragem de testar novos caminhos são os únicos fatores que podemos, de fato, controlar.